terça-feira, 16 de junho de 2009

Terror de minha infância.


A história de Julia Pastrana passou uma vez no programa “Show de Calouros” do SBT na década de 80. Na época eu era pequeno (pelas minhas contas devia ter uns 8 ou 9 anos) e devido ao medo acabei apenas escutando o Silvio Santos contar a história, fechei os olhos e não vi todo o quadro. Não dormi direito aquela noite, como já havia acontecido antes depois de ver filmes de terror e estes quadros chamados "Isto é incrível" do “Show de Calouros”.E já que as editoras deste blog não escrevem mais nada por aqui vou contar o que encontrei sobre a Julia. Este post era pra ser uma lista de múmias com histórias interessantes mas ficou tão grande que vou quebrar em vários outros, assim nossos leitores não reclamarão mais da falta de assunto.Julia Pastrana foi uma mulher de origem indígena nascida no México no século XIX. Sua face e corpo eram cobertos de pelos. Também possuía gengivas e orelhas grandes o que lhe rendeu o apelido de Mulher Macaco e a levou a fazer apresentações públicas.A primeira apresentação conhecida data 1854 em Nova York e seu empresário seria um tal de M. Rates. Rates alegava ter descoberto a garota trabalhando como doméstica na casa de um governador mexicano.Julia impressionava as pessoas não só pela sua aparência mas também pela graça e charme. Falava três línguas, adorava livros e em suas apresentações dançava e cantava (em Inglês e espanhol) usando roupas que ela mesma costurava.Sua carreira decolou quando passou a ser “gerenciada” por Theodore Lent, que a levou para a Europa. Além dos shows de dança e canto também atuou em uma peça de teatro em Berlin. Nessa ocasião concedeu uma extensa entrevista à revista Alemã Gartenlaube. Em resposta ao repórter sobre as diversas propostas de casamento que recebera disse que teve que recusar pois nenhum dos pretendentes era rico o bastante.E foram estas propostas que levaram Theodore Lent a pedir Julia em casamento por medo de perder sua lucrativa atração. Em 1859 Julia estava se apresentando em Moscou quando descobriu que estava grávida. O bebê nasceu com o mesmo problema genético de Julia e morreu algumas horas depois. Julia morreria cinco dias depois.Procurando lucrar pela última vez as custas da esposa, Theodore Lent vendeu os corpos da mulher e do filho ao professor Sukolov, da universidade de Moscou. Usando uma técnica de mumificação desconhecida Sukolov conseguiu um resultado impressionante, mantendo as cores e texturas dos corpos. As múmias foram então apresentadas no museu da universidade atraindo muitos visitantes.Theodore Lent ficou sabendo do sucesso que sua esposa estava fazendo e usando de sua certidão de casamento reclamou a posse dos corpos. Depois de recuperadas, Lent exibiu as múmias de mãe e filho em Londres cobrando um shilling por pessoa. Julia era apresentada vestida com um de seus famosos vestidos de dança enquanto o bebê usava uma roupa de marinheiro e ficava sobre um pedestal.Lent só largou das múmias depois de, incrivelmente, ter encontrado outra mulher com as mesmas características de Julia. Novamente ele usou o golpe de pedir a garota em casamento para garantir mais controle sobre sua “atração”. As múmias foram então alugadas para um museu de Viena.O antigo empresário e Zenora (a nova atração) foram para a Rússia e viveram juntos até Lent enlouquecer e ser internado em um sanatório. Zenora foi então em busca das múmias e as usou em suas apresentações até passá-las para um homem chamado J. B. Gassner. Elas foram apresentadas por toda a Alemanha até serem vendidas em um leilão. Depois disso passaram por várias mãos até chegar a uma tal “Câmara dos Horrores” de um Norueguês chamado Lund em 1921.Em 1943 (durante a ocupação alemã na Noruega) foi ordenada a destruição da “Câmara dos Horrores”, mas o senhor Lund acabou convencendo as autoridades de que seria interessante para o terceiro Reich a apresentação pública da “Mulher Macaco”. Assim Julia foi apresentada por todos os territórios ocupados.A “Câmara dos Horrores” acabou sendo fechada em 1953 em um armazém em Oslo. Surgiram rumores de que o armazém era ocupado por uma estranha criatura parecida com um macaco. Alguns garotos acabaram por invadir o armazém e de lá saíram bastante assustados. O fato aumentou as histórias e levaram o filho de Lund a apresentar novamente as múmias ao publico até meados da década de 60. Nesta época ninguém acreditava que eram múmias verdadeiras.Em 1968 o colecionador americano de curiosidades Judge Hofheins contratou detetives para encontrar as múmias. Quando o filho de Lund, Hans, soube o que tinha em mãos tratou de capitalizar em cima. As múmias foram alvo da imprensa e saíram em turnê pela Suécia e Noruega. Em 1971 Hans as levou para os Estados Unidos, mas teve que retornar quando lhe foi negado a licença para exibição pública das múmias. De volta ele alugou os corpos para um show itinerante, mas este também teve a exibição banida.Não houve solução a não ser colocar as múmias de volta no armazém. Em Agosto de 1976 o armazém foi invadido e as múmias vandalizadas. A criança ficou em péssimo estado, tendo perdido um braço e a mandíbula. Seus restos foram jogados fora do armazém e foi comido por ratos. Quando foi localizado restavam apenas retalhos do corpo original.Em 1979 o armazém foi novamente arrombado e desta vez levaram a múmia de Julia. Acreditava-se que tinha sido destruída também.Finalmente em 1990 um jornalista reencontrou Julia nos porões do Instituto de Medicina Forense de Oslo. Pesquisando como ela foi parar lá descobriu que em 1979 a policia havia atendido a um chamado sobre um braço encontrado por crianças em um terreno baldio. Uma busca na área acabou encontrando o corpo de Julia, que foi enviada ao instituto.Em 1994 o instituto recomendou que Julia fosse enterrada. Mas a Igreja e os pesquisadores decidiram que ela deveria ser conservada em caso de pesquisas futuras. Assim a múmia permanece sob a proteção do governo Norueguês.



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