terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Carros da Maysa.


Uma Volkswagen Brasília azul protagoniza uma das principais cenas da minissérie "Maysa", da Globo. O carro, que exibe a placa amarela FJ-5505, espatifa-se numa mureta da ponte Rio-Niterói na reconstituição da morte da cantora naquele 22 de janeiro de 1977.
Jayme Monjardim, filho da artista e diretor da trama, providenciara dois veículos idênticos ao de sua mãe --um exclusivamente para a cena do acidente, gravada no autódromo carioca de Jacarepaguá.
Um dublê, escondido atrás do banco dianteiro, conduziu o carro com volante e pedais adaptados em direção à divisória de concreto, enquanto um boneco no assento do motorista sofreu as consequências do impacto. Três câmeras de alta definição filmam a destruição a 80 km/h, depois "colada" na imagem da ponte Rio-Niterói.
Um Ford Galaxie amarelo de capota branca e um Cadillac conversível preto de interior vermelho já haviam aparecido numa cena um pouco antes, recriando um cenário típico do final dos anos 70. "Maysa" exibe modelos desde 1943 até 1977.
Tiza de Oliveira, diretora de arte da emissora, conta que levou dois meses para reunir carros idênticos aos que fizeram parte da vida das personagens.
"Tem até um movido a gás, que ilustra os anos em que a oferta de gasolina era escassa por conta da Segunda Guerra."
Para Maria Aparecida Baccega, 65, pesquisadora de telenovelas e professora de linguagens da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e da USP (Universidade de São Paulo), os veículos têm papel fundamental na contextualização de efeitos cênicos de época.
"Assim como a caracterização das personagens e a arquitetura das locações, os carros transmitem conceitos históricos, incluindo os tecnológicos e os de distinção social."
Mas não são só os carros que roubam a cena. O cineasta Fernando Meirelles, que produz o filme "À Deriva", cuja estreia está prevista para este semestre, recorre a uma mobilete dos anos 70 para uma cena de "revival". Os detalhes, porém, ainda são guardados a sete chaves.
Dublês motorizados
Dono de uma frota de veículos antigos, Ricardo Cesta diz que aluga suas raridades para novelas e anúncios comerciais.
Ele cobra cerca de R$ 8.000 por um empréstimo de um mês para uso em estúdio -uma pechincha em comparação com os até R$ 2.000 pelo aluguel diário. Cesta explica que tamanha diferença ocorre porque o transporte é mais arriscado do que as cenas. Assim, em um mês o custo do deslocamento único é amortizado.
Todos os seus carros fabricados antes e depois da Segunda Guerra Mundial possuem uma "babá" para dirigi-los e acompanhá-los. Tanto zelo é porque "nem nos EUA se encontra uma caixa de direção nova para um Packard 1938".
"Quando sei que o ator vai dirigir, já negocio com o produtor. Muitas vezes, consigo fazer com que a cena seja alterada."
Quando explosões dominam a tela, veículos históricos e raros costumam recorrer às réplicas de fibra de vidro. As estrelas motorizadas também possuem dublês.
( Felipe Nóbrega - Folha de S.Paulo)

Um comentário:

Ricardo Rodrigues disse...

muito interessante esse post cara... vc como apaixonado por veículos antigos sabe o terreno em que está pisando... pilotei uma virago em janeiro... hehehehe