sexta-feira, 26 de março de 2010

El Desdichado II. (Lobão)




El Desdichado II
Composição: Lobão


Eu sou o tenebroso, o irmão sem irmão,

O abandono, inconsolado,

O sol negro da melancolia
Eu sou ninguém, a calma sem alma que assola, atordoa e vem

No desmaio do final de cada dia
Eu sou a Explosão, o Exu, o Anjo, o Rei

O Samba-sem-canção, o Soberano de toda a alegria que existia
Eu sou a contramão da contradição

Que se entrega a Qualquer deus-novo-embrião pra traficar

O meu futuro por um inferno mais tranquilo
Eu sou Nada e é isso que me convém

Eu sou o sub-do-mundo e o que será que me detém?
Eu sou o Poderoso, o Bababã,

O Bão! Eu sou o sangue, não!

Eu sou a Fome! do homem que come na brecha da mão de quem vacila
Eu sou a Camuflagem que engana o chão

A Malandragem que resvala de mão em mão

Eu sou a Bala que voa pra sempre, sem rumo, perdida
Eu sou a Explosão, o Exu, o Anjo, o Rei

Eu sou o Morro, o Soberano, a Alegoria que foi a minha vida
Eu sou a Execução, a Perfuração

O Terror da próxima edição dos jornais

Que me gritam, me devassam e me silenciam.





Esta música o Lobão escreveu para um amigo que foi assassinado por um menino de 6 anos de idade, mas quando viu a letra pronta percebeu que a canção falava dele próprio.



Na verdade ela fala muito a minha pessoa também, por isso estou escrevendo uma no mesmo estilo, mas com frases mais entro e meu universo.



Ela começa assim: Eu sou o solo infértil, o inútil chão...



Ainda sem título.

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