quinta-feira, 19 de março de 2009

Família Plymouth


A primeira geração do Fury surgiu em 1956. Em 1957 chegava a segunda, que em 58 receberia poucas mudanças estéticas. Além dele, a Plymouth oferecia outros modelos que eram praticamente seus clones: o Belvedere, o Savoy, o Plaza e aquele com maior diferença de carroceria, o station wagon Suburban. O Fury se diferenciava de seus "irmãos gêmeos" principalmente pela cor (somente Buckskin Beige (creme) com frisos e grade frontal dourados em 1958), e é claro, pelo motor mais "furioso" (de série). O carro ficou bastante famoso após 1983 com o filme "Christine", baseado no livro do mestre do terror literário Stephen King. Mas o que a maioria das pessoas não sabe é que o carro era na verdade um Belvedere, não um Fury, pela simples razão que não existiam Furys de outra cor que não creme. Por influência do filme, o modelo de 1958 (que teve fabricação limitada a 5303 unidades) ganhou projeção e se tornou um dos carros mais procurados por colecionadores.
A Plymouth queria oferecer um carro com um toque de esportividade, seguindo os passos do famoso Chevrolet Corvette e do Ford Thunderbird. Assim surgiu esse modelo. Apesar de ser um carro pesado e de dimensões maiores que aqueles, sua motorização inicial não deixava a dever. Os 240 cavalos mostravam que o nome do carro não era brincadeira. Os concorrentes tinham 225 cavalos. Mas a grande novidade veio em 1958: nesse ano o comprador podia escolher entre o motor standard de 290hp e 318 polegadas cúbicas Dual Fury V-800, ou o opcional V8 Golden Commando, com 305hp e 350 polegadas cúbicas (este também disponível como opcional para os outros modelos). A transmissão standard era a Synchro-Silent (manual de três velocidades), mas estavam disponíveis a Power-Flite (automática de duas velocidades) e a Torque-Flite (automática de três velocidades), ambas operadas por meio de botões. Além disso, o modelo desse ano contava com vários itens opcionais, como: overdrive, freios e direção assistidos, vidros elétricos, ar condicionado, alto-falante para o banco traseiro, relógio elétrico com contador de segundos, painel de instrumentos e quebra-sóis acolchoados, pneus com perfil branco, entre outros.
A miniatura feita pela ERTL é do modelo de 1958, e é de tiragem limitada a 9996 unidades (se é que dá para chamar isso de limitado). O meu é o número 7041. Para um modelo lançado em 2001 e na linha regular da ERTL ele é uma boa miniatura. Tive até a impressão que nessa miniatura a marca se preparava para lançar modelos mais elaborados, com mais atenção aos detalhes, como mais tarde veríamos o belo trabalho nos Authentics. É claro que essa miniatura está longe de um Authentics, mas bastante tinta foi usada para ressaltar detalhes, como se nota no interior, no belo motor todo cabeado, e principalmente na parte de baixo.
Se por um lado alguns detalhes são atraentes (como as proporções, escala, interior, motor, parte de baixo e aquele friso lateral dourado texturizado), por outro a marca peca como de costume no acabamento e uso de materiais. Isso faz com que seja uma miniatura com coisas bem interessantes, mas também alguns pontos muito fracos (aqui os principais são: a pintura, inserções de partes na carroceria, vidros, encaixe das portas e os cromados frágeis). Mas no geral é um bonito carrinho, e o melhor Fury em 1:18 até o momento.
Qualidade geral da carroceria, escala e proporções:
Pelas minhas medições a mini é mesmo 1:18 e suas proporções são muito boas. Os frisos da carroceria não estão perfeitamente alinhados, como se nota com facilidade ao olhar para as portas. A parte interna dos frisos, dourada no Fury, foi feita de forma bastante realística, inclusive com a textura adequada.
Apesar dessa avaliação conter um quesito separado para as aberturas, as portas merecem ser comentadas aqui, uma vez que o espaço excessivo deixado por elas afeta o conjunto da carroceria.
Outro ponto não muito bom é o encaixe dos frisos superiores dos "rabos de peixe", que apresenta espaços que não deveriam existir.
Nessa miniatura foram colocadas "saias" tapando as rodas traseiras. Isso parece ser um erro uma vez que esses itens não estavam disponíveis como opcional de fábrica, até onde eu sei. No entanto, muitos Plymouth Fury de 1958 usam essas saias. Então não vejo problema em se colocar um acessório bastante difundido, mesmo não sendo original. Com certeza a ERTL se baseou em um desses carros com saia para fazer o molde. Ainda sobre os pára-lamas traseiros o fabricante esqueceu de por um pequeno detalhe cromado na parte anterior dos mesmos.
Pintura:
Essa é talvez a parte mais negativa da miniatura. Muita casca de laranja, principalmente no capô, e em vários pontos se nota rugosidades. A cor do Plymouth Fury para 1958 era Buckskin Beige (algo próximo ao café com leite). A cor da miniatura deveria ser mais escura, pois está mais para marfim. O interessante é que não vi nenhum fabricante de miniatura desse carro que tenha acertado a tonalidade correta.
Cromados:
Os cromados têm uma tonalidade razoavelmente boa. Nada daqueles cromados esbranquiçados das miniaturas "populares". Mas apresentam-se frágeis, e algumas arestas já sofreram fissuras.
Símbolos, decalques e nomes aplicados:
O ornamento dianteiro é muito bom, com a inscrição Plymouth perfeitamente aplicada. Logo abaixo desse temos o "V" clássico que é uma peça cromada separada. A inscrição "Fury" nas laterais, bem como o "Plymouth" na tampa do porta-malas, são apenas tampos em tinta acinzentada. A placa, na traseira, é um adesivo sobre uma base cromada.
Faróis e luzes:
Os faróis são convincentes, mas têm pinos de fixação. Na traseira as lanternas foram até bem reproduzidas, apesar de serem um pouco menores do que deveriam. Quanto à luz de ré nem há o que comentar, pois é apenas uma concavidade no pára-choque.
Vidros, limpadores de pára-brisa, retrovisores externos e antena:
Os vidros são bem transparentes, mas apresentam distorção visual absurda. Felizmente se trata de um modelo "hardtop" onde não se usou vidros laterias. Caso contrário seria difícil de saber as formas das coisas no interior da miniatura.
Os limpadores de pára-brisa são peças simples, mas corretamente posicionados. Os retrovisores eu chamaria de caricatura do que deveriam ser. São peças compactas fixadas de forma não muito cuidadosa na carroceria.
As antenas são duas, posicionadas na traseira do carro. Na miniatura foram representadas levantadas apenas até à metade. No meu modelo, uma das antenas é um pouco inclinada para o lado. A espessura, apesar de não ser tão exagerada como as famosas "antenas de cabo de vassoura", ainda excede o que seria ideal.
Grades e tomadas de ar:
A grade dianteira não é vazada, mas os espaços foram preenchidos com tinta preta, o que deu um bom resultado. Além dessa há a grade em frente ao pára-brisa, que da mesma forma tem o que deveria ser vazado pintado de preto.
Portas e aberturas:
As portas têm dobradiças do tipo "perna de cachorro". O encaixe das mesmas deixa um espaço assombroso. Já o encaixe do capô e da tampa do porta-malas é bastante bom. Por falar em porta-malas, aqui está uma vantagem deste Fury frente aos outros da própria ERTL: ele abre o porta-malas. Até agora, de todos os modelos de Fury e Belvedere (irmão gêmeo daquele) lançados pela ERTL, apenas este e a "Christine" (miniatura do filme de Stephen King) têm porta-malas funcional. Nos outros, apesar da tampa ser uma peça separada, ela está selada e provavelmente não haja acabamento interno.
Rodas, pneus e freios:
As rodas são boas, com calotas douradas que fazem parte da mesma peça. Assim como na grade, o que deveria ser vazado foi pintado de preto, e o resultado não ficou tão ruim não.
Os Pneus são de borracha e sem marcação. Os freios são simples peças de plástico imitando tambores.
Motor:
Já estava na hora de uma coisa realmente boa. O motor é muito legal: todo cabeado e com mangueiras, representa bastante bem o "Golden Commando" de 350 pol³. Há até a bolsa de água do pára-brisa e as buzinas na frente do radiador. Foi feito um belo trabalho nessa parte da miniatura.
Interior:
O interior é bastante fiel ao carro original. Os bancos, que são basculantes, receberam pintura para imitar o padrão do tecido. No forro das portas a falta verdadeira é a ausência do detalhe em alumínio que deveria estar lá, mas de resto ele foi bem representado.
Gostei bastante do painel, na cor certa e com o contorno dos mostradores destacado. Apenas reclamo do espelho retrovisor, que deveria ser marrom, mas em vez disso é cromado, e dos botões do câmbio automático, que estão lá, mas não foram pintados. O volante, que é funcional, foi pintado em dois tons mais o detalhe cromado.
O forro do teto foi reproduzido, mas é de plástico duro e em alguns pontos apresenta os "rebites" de fixação. Os quebra-sóis fazem parte dessa peça apenas como um relevo.
No porta-malas novamente a tinta dá o destaque para simular uma forração. Nele temos o estepe e vemos também o duto do tanque da combustível.
O interior é bem interessante para uma miniatura dessa categoria. Se o assoalho recebesse carpete ficaria melhor ainda.
Suspensão, parte inferior e escapamento:
Outra coisa que gostei foi a parte de baixo da miniatura. Há destaque para o bloco do motor e cárter (com detalhes em dourado), para o escapamento duplo pintado, que apenas não é muito escavado, além dos amortecedores traseiros em azul.
A suspensão não é funcional.

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